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Vídeos mostram confusão entre Guilherme Boulos e militante adolescente do MBL na Av. Paulista

Uma confusão envolvendo o candidato a deputado federal por São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), e um youtuber adolescente, que se identifica como militante do MBL (Movimento Brasil Livre), causou tumulto na Avenida Paulista, no Centro da capital, na tarde deste domingo (25). A Polícia Militar foi chamada para intervir e o caso foi parar numa delegacia. Ninguém foi preso.

O garoto, de 15 anos, acompanhado de seu pai, registrou boletim de ocorrência por lesão corporal contra Boulos, o acusando de tê-lo agredido fisicamente e de incentivar que apoiadores do candidato fizessem o mesmo.

Boulos, que também é líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) em São Paulo, negou as acusações e diz que episódio se trata de “tática de provocação da extrema-direita”. Um advogado e três testemunhas foram ao 4º Distrito Policial (DP), na Consolação, onde o caso foi registrado para negar que o candidato tenha batido em alguém.

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No vídeo registrado pelo youtuber (veja acima), é possível ver o momento em que se aproxima de Boulos e o faz uma pergunta: “Você que defende a democracia… por que que defende democracias como Cuba?” O candidato se mostra incomodado, mas não responde.

Em seguida, uma pessoa diz “sai daqui” e, então, a câmera do celular é tapada e é possível ouvir o garoto gritando “o que é isso?” Segundo a equipe do candidato, neste momento, uma pessoa – não souberam precisar quem – teria dado um tapa no celular do rapaz.

Boulos se pronunciou sobre o caso em suas redes sociais, dizendo que integrantes do MBL “mandaram um rapaz, militante deles, menor de idade botar o celular, provocando, na minha cara. Gerou um empurra-empurra com a turma que tava acompanhando a gente e, não contente, foram procurar uma base da polícia militar que tava lá dizendo que eu tinha agredido o rapaz”.

De acordo com o candidato, os policiais teriam tentado levá-lo à força para a delegacia, no que avaliou como uma tentativa de prisão ilegal e com objetivo de intimidá-lo, mas teriam sido impedidos por membros da militância do PSOL, gerando uma confusão, com uso, inclusive, de gás de pimenta e violência física, por parte dos agentes.

O impasse com os policiais teria durado cerca de 30 minutos, até que dois advogados criminalistas interviram na situação.

“Vendo as imagens, podemos ver o adolescente provocando o candidato, possivelmente a mando de adultos do Movimento Brasil Livre, e sendo agredido, supostamente por apoiadores do candidato Guilherme Boulos”, disse ao g1 o advogado Ariel de Castro Alves, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais. “Diante dos fatos, entendo que é necessária a identificação e responsabilização dos agressores do jovem, que, pelo visto, não seria o candidato Guilherme Boulos o agressor, mas possivelmente alguns de seus apoiadores. Então de fato, a prisão do candidato era ilegal”.

De acordo com o Artigo 236 do Código Eleitoral brasileiro, a prisão de candidatos a cargos eletivos é proibida nos 15 dias que antecedem as eleições, neste caso, desde o dia 17 de setembro.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que policiais militares foram acionados por volta das 15h30 para atender a uma ocorrência de lesão corporal e que as equipes precisaram intervir para controlar o tumulto que se formou após o candidato envolvido se recusar a acompanhar os agentes ao distrito policial e um grupo de pessoas passar a hostilizar os policiais. (leia a íntegra mais abaixo).

Apesar de o pai do adolescente ter ido registrar a ocorrência por lesão contra Boulos no 4º Distrito Policial (DP), a investigação será feita pelo 78º DP – Jardins, que está em reforma e está usando provisoriamente o prédio da delegacia que fica na Consolação.

Para a lesão corporal ser apurado, ela depende de uma representação criminal da vítima. Somente após o procedimento ser feito que se é instaurado um inquérito policial para que o crime seja investigado. Até a última atualização desta reportagem, o responsável pelo garoto não teria feito essa representação.

À polícia, o youtuber afirmou que Boulos teria tentando puxar seu celular e que o próprio candidato teria dado diversos socos em seu rosto, além de estimular que seus apoiadores também o agredissem.

Contudo, duas testemunhas depuseram junto com o adolescente e nenhuma delas menciona agressões físicas por parte de Boulos. Um dos homens disse que viu o candidato dar um tapa do celular do menino e, em seguida, uma agressão generalizada começar. Já o outro, afirmou que Boulos tentou tirar o aparelho das mãos do garoto e, então, a população começou a agredi-lo.

Na delegacia, também foi requisitado que o adolescente passe por exame no Instituto Médico Legal (IML) para que a perícia veja se o garoto apresenta lesões decorrentes das agressões que diz ter sofrido.

O que diz o MBL
Em nota, o Movimento Brasil Livre afirmou que o adolescente, militante da campanha de um de seus membros a deputado estadual, foi agredido por Guilherme Boulos e por sua militância. Disse ainda que outro membro que estava na Av. Paulista chamou a polícia, mas que os agentes não puderam deter o candidato porque foram impedidos por militantes do PSOL. “Boulos não apenas agrediu um menor, como resistiu à polícia e fugiu do local com auxílio de seus pelegos”, afirmou o MBL.

O que diz o PSOL
O g1 entrou em contato para saber o posicionamento do partido de Boulos sobre o ocorrido, mas ainda não obteve um retorno.

O que diz a campanha de Boulos
Também por nota, a equipe da campanha de Guilherme Boulos se manifestou sobre o ocorrido deste domingo, afirmando que “candidatos do MBL acusaram falsamente à Policia Militar uma agressão inexistente por parte do líder sem-teto” e que agentes da corporação tentaram prender ilegalmente o candidato.

“A tentativa de prisão é completamente ilegal e visa intimidar o candidato. Por lei, a Polícia Militar só pode efetuar prisões em flagrante, o que não aconteceu pelo simples fato de que não houve agressão por parte do candidato”, diz a nota.

Nota da SSP
Policiais militares foram acionados, por volta das 15h30 deste domingo (25), para uma ocorrência de lesão corporal na Avenida Paulista. Um adolescente de 15 anos informou às equipes que foi agredido por um candidato a deputado federal, apresentando imagens das agressões e lesões aparentes no corpo. Os policiais localizaram o candidato e solicitaram que ele os acompanhasse até a delegacia para registro dos fatos. O candidato se recusou a acompanhar as equipes ao distrito policial e um grupo de pessoas passou a hostilizar os policiais, que precisaram intervir, controlando o tumulto. A ocorrência foi apresentada no 78º DP (Jardins), onde o boletim de ocorrência está sendo registrado.